Desde que a Constituição de 1988 assegurou aos eleitores o
direito de apresentar projetos de lei de iniciativa popular, em quatro ocasiões
o Congresso converteu em norma uma proposta elaborada pela sociedade. Ele
pretende vetar a candidatura de políticos condenados por colegiado em processos
não concluídos, mas ainda há dúvidas sobre
a sua aplicação.
O projeto Ficha Limpa encerrou um jejum de quase cinco anos
sem que uma matéria de iniciativa popular fosse convertida em lei pelo
Congresso Nacional. A última medida levada ao plenário do Legislativo Federal e
convertida em norma legal foi publicada em 17 de junho de 2005, e criou o Fundo
Nacional de Habitação de Interesse Social.
Apesar de ter tramitado sob forte clamor social, o Ficha
Limpa levou cerca de oito meses para ser aprovado na Câmara e no Senado antes
de ser enviado à sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Considerado
rápido, o trâmite só não superou o tempo despendido pelos parlamentares para
aprovar o projeto que tornou crime passível de cassação a compra de votos.
Nesse caso, a matéria foi apresentada em 18 de agosto de 1999 e sancionada 42
dias depois, em 29 de setembro do mesmo ano.
Tanto o projeto Ficha Limpa quanto o projeto de cassação por
compra de votos foram patrocinados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e
pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Apesar de serem reconhecidos como projetos de iniciativa
popular por terem sua origem em movimentos sociais, as matérias convertidas em
lei precisaram ser “adotadas” por parlamentares ou até pelo próprio presidente
da República para conseguirem tramitar no Congresso. Isso porque o próprio
Legislativo admite não ter meios de conferir os mais de 1 milhão de números de
títulos de eleitor e assinaturas que a lei exige de um projeto desse gênero.
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